Eu Odeio Cachorro
“Descubra a inconveniência de ter um amigo fiel, amoroso e sempre feliz ao seu lado”
Por Marcelo Fioravanti
Ah, os amados cãezinhos… Quem nunca teve o prazer de se encantar com suas qualidades?
Narizes úmidos, tamanhos variados, sempre prontos para brincar e alegrar. Para alguns, são até considerados filhos, só que mais peludos e menos exigentes no imposto de renda.
Claro, para os pais “humanos” de filhos “humanos”, ter um cachorro é uma excelente maneira de praticar empatia e responsabilidade.
E para os idosos ter uma companhia silenciosa e leal de um cachorro pode ser a diferença entre a solidão e a alegria. Afinal, nada como compartilhar o sofá com um ser que entende seu silêncio e não pede para mudar o canal da TV.
Ah, e claro, aqueles que optam por ter cachorros em vez de filhos, afinal, por que se contentar com fraldas quando você pode lidar com cocô de cachorro, não é mesmo? Você pode até deixar o pobre animalzinho em casa enquanto viaja, contanto que deixe instruções claras e um recado “Meu dono está de férias, cuide bem de mim”.
Agora, vamos ao cerne da questão: eu odeio cachorros. Sim, você leu certo. Não há qualidade canina que supere a frustração de ter que lidar com seus “presentinhos” diários. Do cheiro persistente que nunca desaparece da sua casa, mesmo com um arsenal de produtos de limpeza digno de um exército.
Do “show de águas” que os machos adoram oferecer, transformando qualquer canto em banheiro público. E vamos falar da arte de deixar pelos por toda parte, até mesmo em locais que só a física quântica poderia explicar?
Ah, mas o que dizer da tão aclamada felicidade de encontrar seu cachorro esperando por você após um dia estressante? Pois é, para mim, essa cena é seguida imediatamente pela maratona de limpeza e reparos. Parece até que eles guardam todas as suas travessuras para o momento em que você mais precisa de paz.
Mas é claro que dizer que você odeia cachorros é quase um crime hoje em dia. É como admitir que você não tem alma ou que prefere abraçar o Grinch em vez do Papai Noel. Mas a verdade é que muitos de nós apenas não temos coragem de admitir nossos sentimentos caninos. Não me entendam mal, não soltei fogos quando o Marley partiu, nem torço para que a Cruela tenha sucesso em suas empreitadas.
Afinal, apesar de nossas divergências caninas, sou mais como o pai da família do Beethoven, tentando manter a sanidade em meio ao caos peludo que é ter um animal de estimação.
Ah, os adoráveis cãezinhos… Com seus narizes frios e molhados, parecendo um sensor de umidade ambulante, prontos para marcar território em qualquer lugar, desde o tapete mais fofo até a parede recém-pintada.
Então se é para ter essa experiência canina, que sejam empalhados. Mas se isso ainda for estranho demais, aceito gatos.